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Del Potro no Rio Open: Reflexões, João Fonseca e a vida pós-circuito

O ex-tenista argentino Juan Martín del Potro concedeu uma coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira no Jockey Club Brasileiro, durante o Rio Open. Em um bate-papo com jornalistas, Delpo abordou diversos temas, incluindo o futuro do tênis sul-americano, o jovem talento brasileiro João Fonseca, suas memórias das Olimpíadas do Rio 2016 e sua atual fase pós-aposentadoria.


Juan Martín Del Potro dá entrevista coletiva no Rio Open
(Foto: Gustavo Werneck)
O futuro do tênis sul-americano

Campeão do US Open de 2009 derrotando Nadal e Federer, Del Potro expressou sua visão sobre a evolução do tênis na América do Sul e a necessidade de um maior reconhecimento por parte da ATP. Para ele, a região tem tradição no esporte e conta com uma base de fãs extremamente apaixonada, o que poderia ser melhor aproveitado.


“Quando um sul-americano vence muitos torneios, a ATP começa a olhar com mais atenção para o nosso tênis. Temos uma paixão que em outros lugares do mundo não há. Isso acontece no Rio Open, em Buenos Aires, na Copa Davis. Temos algo especial, e é preciso preservar isso para o futuro”, disse o argentino bronze em Londres 2012 e prata na Rio 2016.


João Fonseca: a nova estrela brasileira

Um dos principais assuntos da coletiva foi o jovem tenista brasileiro João Fonseca, que vem chamando atenção no circuito. Delpo não poupou elogios ao carioca de 18 anos, destacando sua rápida evolução e o grande potencial para se tornar um nome de destaque no tênis mundial.


“Ele tem um grande jogo, muito potencial. A evolução dele tem sido impressionante. Mas além da parte técnica e física, ele precisa de uma equipe que o apoie emocionalmente. No Brasil e na Argentina, você pode ser o melhor um dia e o pior no outro. Saber lidar com essa pressão é fundamental”, analisou o ex-número 3 do mundo.


O argentino de 36 anos também mencionou o cansaço físico e emocional que Fonseca pode estar enfrentando, especialmente após vencer o torneio de Buenos Aires e chegar ao Rio Open com grande expectativa.


“Ele vem de uma grande conquista e isso pode pesar. O tênis é um esporte de longo prazo, então precisa de paciência e equilíbrio para continuar crescendo sem sucumbir à pressão”, alertou.


Superfícies e a evolução do circuito

Quando questionado sobre a possibilidade de ter jogado no Rio Open caso a superfície fosse dura, Del Potro admitiu que, no auge da carreira, isso poderia ter acontecido. Ele citou o exemplo de Acapulco, que trocou o saibro pelo piso rápido e conseguiu atrair mais jogadores de elite.


“Antigamente, um especialista no saibro não era bom no piso rápido, mas isso mudou. Hoje todos jogam bem em qualquer superfície. Isner, por exemplo, conseguiu bons resultados no saibro, algo impensável há alguns anos”, comentou o "Torre de Tandil".


Polêmicas recentes no tênis

Delpo foi questionado sobre polêmicas recentes no tênis, como a decisão da Copa Davis que favoreceu a Bélgica contra o Chile e casos envolvendo antidoping. Embora tenha admitido não acompanhar os detalhes, ele considerou a situação “estranha” e defendeu mais transparência nas decisões.


“Se alguém comete um erro e não há consequências, começam as suspeitas. A ATP e os órgãos responsáveis precisam garantir que tudo seja feito corretamente para manter a credibilidade do esporte”, opinou.


Reflexões sobre a aposentadoria e novos desafios

Sobre sua própria vida após o tênis, Del Potro admitiu que ainda está se ajustando à nova realidade. Depois de dedicar quase toda sua vida ao esporte, ele revelou que seu principal desafio hoje é se recuperar completamente das dores no joelho, que o forçaram a se aposentar.


“O tênis ocupava 24 horas do meu dia. Agora estou entendendo que sou um ex-tenista. Ainda tenho dores, e minha prioridade é curar meu joelho. Quando isso acontecer, poderei dizer que estou realmente realizado”, desabafou.


Ele também comentou sobre sua nova fase, explorando diferentes projetos e participando de eventos ligados ao tênis.


“Tenho passado mais tempo com minha família, investido em novos projetos e me reaproximado do circuito de uma forma diferente, participando de eventos, meet & greet, palestras motivacionais. Aqui no Rio, estou envolvido em várias atividades e teremos uma surpresa para o dia da final”, revelou.


O carinho do Brasil e lembranças dos Jogos Olímpicos

Del Potro relembrou com carinho sua participação nas Olimpíadas do Rio 2016, quando conquistou a medalha de prata após uma campanha memorável, derrotando Novak Djokovic na primeira rodada e Rafael Nadal na semifinal.


“Foi uma das semanas mais felizes da minha carreira. O público brasileiro me apoiou muito e, depois disso, passei a ser muito querido aqui. Isso é algo que levo com muito carinho”, disse.


Ele comparou esse carinho ao que Gustavo Kuerten recebia dos argentinos, mencionando que João Fonseca pode seguir o mesmo caminho de conquistar torcedores em diferentes países.


Um novo capítulo para Del Potro

Mesmo afastado do circuito profissional, Del Potro segue envolvido com o tênis e se mostra animado para explorar novas oportunidades. Com o desejo de se recuperar fisicamente e novos desafios à frente, o argentino mantém seu carisma e conexão com os fãs, deixando claro que sua história com o esporte ainda não chegou ao fim.


“A vida não é só tênis, e agora estou aprendendo a lidar com desafios diferentes. Mas sigo apaixonado pelo esporte e quero contribuir da melhor forma possível”, concluiu o argentino, que chegou à final do US Open de 2018 e conquistou o Masters 1000 de Indian Wells no mesmo ano.


Surpresa?

No final da coletiva, o argentino sugeriu que haverá uma surpresa na final do torneio. "Não sei se posso dizer, mas estarei presente no domingo para algo especial", brincou. Resta aos fãs aguardarem para ver o que Del Potro, um dos maiores nomes do tênis não só sul-americano, como mundial, está preparando.

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